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15/04/2025

Samuel Pessôa: O desafio de alavancar a produtividade e as perspectivas econômicas para o Brasil

No Encontro Virtual do projeto O Brasil Precisa Pensar o Brasil, realizado na noite desta segunda (14/04), o economista Samuel Pessôa abordou um dos temas mais cruciais para o futuro do país: a baixa produtividade do trabalho no Brasil. Durante sua exposição, Pessôa discutiu as causas estruturais que explicam essa disparidade em relação aos Estados Unidos, onde um trabalhador, em média, é cinco vezes mais produtivo do que no Brasil.​

Produtividade do trabalho no Brasil

Pessôa iniciou sua análise destacando que a produtividade do trabalho no Brasil está entre as mais baixas do mundo, com um trabalhador brasileiro sendo, em média, cinco vezes menos produtivo do que um trabalhador norte-americano. Segundo ele, a desigualdade de produtividade pode ser explicada por dois grandes fatores: as habilidades individuais dos trabalhadores e o entorno institucional em que eles operam.

“Metade da desigualdade de produtividade está relacionada às habilidades do trabalhador, como a capacidade de resolver problemas e se expressar bem, enquanto a outra metade se deve ao entorno em que ele opera. Isso inclui a qualidade das instituições e a gestão pública”, afirmou Pessôa. Ele destacou que a educação básica, especialmente o ensino fundamental, tem um papel fundamental na formação dessas habilidades essenciais.

Fatores internos e externos que afetam a economia brasileira

Em relação aos fatores internos que impactam a produtividade, o economista explicou que a má gestão e a alocação ineficiente de recursos são responsáveis por grande parte da baixa produtividade no Brasil. Ele usou como exemplo a construção civil, um setor onde a disparidade de produtividade é muito grande no Brasil, principalmente devido à ineficiência na aplicação de recursos e na falta de uma estrutura organizacional mais eficiente.

Pessôa também abordou os desafios externos enfrentados pelo Brasil, como a geopolítica global. Ele destacou que, enquanto o Brasil se fechou para o mundo por décadas, perdendo a oportunidade de participar das cadeias globais de valor, a atual mudança nas dinâmicas internacionais coloca o país em uma posição relativamente melhor. A crise global de hoje, com tensões comerciais e guerras tarifárias, tem o potencial de beneficiar o Brasil, que já pagou o custo de seu fechamento econômico. Para ele, o país precisa se abrir mais para o comércio internacional e melhorar sua inserção nas cadeias produtivas globais.

Reflexões sobre o período de redemocratização e as políticas econômicas após 2006

Pessôa também refletiu sobre o impacto das políticas econômicas adotadas pelo Brasil a partir da redemocratização. Segundo ele, a década de 1990, marcada pela estabilização econômica, foi fundamental para criar uma base sólida para o desenvolvimento. No entanto, ele apontou que o Brasil falhou em construir um crescimento sustentável após 2006. O economista ressaltou que, após a crise financeira de 2008, o Brasil deveria ter aproveitado a recuperação econômica global para implementar reformas estruturais que garantissem um crescimento contínuo e mais robusto.

“Apesar do crescimento durante os anos 2000, o Brasil não fez as reformas necessárias para garantir que o crescimento fosse sustentável no longo prazo. O modelo de desenvolvimento baseado em intervenções estatais, como subsídios e investimentos públicos elevados, acabou gerando déficits fiscais e não resultou em crescimento de longo prazo”, disse Pessôa.

Desafios para o crescimento sustentável

Em sua conclusão, Pessôa destacou que o Brasil precisa adotar reformas estruturais para alcançar um crescimento sustentável e aumentar a competitividade. “O país precisa repensar a sua estratégia de crescimento, não apenas ajustando as contas fiscais, mas também reformando o sistema tributário e melhorando a eficiência na gestão pública”, afirmou.

Ele sugeriu que o Brasil deve focar em uma alocação mais eficiente de recursos, aumentar a poupança interna e buscar atrair mais investimentos estrangeiros. Para ele, a reforma tributária é uma prioridade, mas deve ser apenas uma das várias mudanças necessárias para que o Brasil possa melhorar sua produtividade e garantir um crescimento de longo prazo. Pessôa também defendeu a importância de uma reforma no sistema educacional, com foco em melhorar a qualidade do ensino básico e profissionalizante, para formar uma força de trabalho mais qualificada e capaz de lidar com os desafios do futuro.

Pessôa concluiu sua fala com um apelo para que o Brasil construa uma estratégia de crescimento mais alinhada com as necessidades da economia global, adotando práticas mais modernas e sustentáveis, e enfatizou que a gestão pública e a inovação são fundamentais para superar os obstáculos que o país enfrenta.

Não perca a próxima palestra do projeto com Paulo Rabello de Castro para discutir os “Desafios para a retomada do desenvolvimento”, no dia 29 de abril, às 19h no Youtube da FUGNacional.

Assista a palestra de Samuel Pessôa e as outra sjá realizadas na página dos Encontros Virtuais.

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